às vezes sinto que podia ser como uma garrafa que deriva no mar. daquelas com direito a uma mensagem no interior. pois também eu tenho qualquer coisa que anseio partilhar com o mundo. por vezes, quando dou à costa e alguém pega em mim, não consigo evitar pensar: é hoje; é hoje que vou poder dividir tudo o que trago comigo. e a verdade é que houve já quem tivesse tentado ler-me. mas depois, não continuou.
talvez a minha linguagem não seja acessível, ou a sintaxe seja demasiado complicada, não sei. tenho alguns
erros é certo, e por vezes sou confusa. também é verdade que não tenho ilustrações. será provavelmente motivo suficiente para ninguém querer ler até ao fim... mas não seremos todos um
bocadinho assim?
e tal como a garrafa que é atirada de volta ao mar, continuo à deriva em busca de
qualquer coisa que parece nunca chegar. por mais voltas que dê, tardo em chegar destino pretendido. e tudo o que guardo vai sendo corroído com o tempo. na esperança que num destes dias
alguém pegue em mim, e ponha um fim à minha viagem.