Uma das partes mais giras do meu trabalho (se não a mais fixe) é conversar com velhos. Com ou sem juízo, têm sempre alguma coisinha para ensinar. Nem todos são velhos fixes, mas há alguns que me fazem pensar que sou capaz de ser feliz assim. Mesmo no meio de cocós e gente a sofrer. A ouvir histórias sobre as mil e quinhentas aventuras vividas por uma pessoa só. Vidas cheias. É bom ver grande parte destas histórias terminar com a conclusão de que nada disto faz sentido sem ter alguém com quem partilhar as coisas. Por esta razão, muitas vezes a conversa termina em lágrimas de saudade. É nesta parte que me falam das mulheres. Dos casamentos de cinquenta e muitos anos. E do bem que elas lhes faziam. E na falta que elas lhes fazem. Ninguém espera que durante meio século não tenham tido que aturar muita treta um do outro. Ainda assim, é com amor que falam das companheiras. E não consigo evitar pensar: será que quando por cá já não andar alguém sentirá assim a minha falta? Significaria uma vida cheia também para mim... e mais que isso, não posso pedir.
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