Sempre que discuto com alguém, fica-me sempre a ideia de que aquela pode muito bem ser a última conversa que tenho com a pessoa em questão. Isto de lidar com o sofrimento humano diariamente tem destas coisas, faz-me colocar em perspectiva muito comportamento idiota que tenho para com as outras pessoas. Será que vale mesmo a pena andarmos todos à batatada?
Talvez. É por isso que nessas situações tenho a mania de fazer o exercício de ponderar sobre como me sentiria, se na verdade não tivesse oportunidade de voltar a falar com a pessoa a quem naquele momento me apetece dar um tiro. E se na grande maioria das vezes até nem me importava muito que as minhas últimas palavras fossem seu grande parvalhão/hei-de cagar na tua campa, noutras vezes tenho plena consciência de que isto não acontece. Pelo contrário, fico a sentir-me culpada perante a possibilidade de me despedir, por exemplo, da minha mãe com um "vai á merda". Sei que se a senhora calhasse a falecer no instante seguinte eu é que ficava na merda por ter sido esta a última troca de palavras com alguém de quem eu gosto tanto. Porque toda a gente sabe que por muito que determinadas pessoas nos magoem, numa situação de morte ou de doença, a grande parte das chatices não significam nada quando comparado com o que sentimos por elas.
É por isto que quando me chateio com alguém de quem gosto, faço questão de lhes dizer isso. Mesmo que chateada/magoada. Claro que continuo a mandar tudo para o galhete e o raio-que-os-partam se sentir necessidade. Mas não me limito aos insultos. Ou vá, tento. Só assim sei que não fica nada por dizer. E que se calhar a morrer no instante seguinte, vão saber que apesar de serem uns parvalhões, continuo a gostar muito deles.
2 comentários:
Boa filosofia!
BTW: http://sevendayfool.files.wordpress.com/2011/02/asshole.jpg
Touché.
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